Nutrientes

Capsaicina: o que é, para que serve e onde encontrar

Por Alan Costa, em 16/03/2018 (atualizado em 27/07/2021)
fonte de capsaicina

Capsaicina é muito importante para o nosso organismo.

A Capsaicina é um composto molecular encontrado em pimentas picantes, ela não tem conteúdo dietético, como calorias ou nutrientes adicionais.

Encontra-se em todas as partes da pimenta, exceto pela semente, embora a maior concentração de Capsaicina seja encontrada na parede interna onde as sementes se juntam.

Enquanto muitos acham o calor dessas pimentas excitante para criar vídeos do YouTube de si mesmos comendo os mais quentes, eles podem colocar suas mãos, a Capsaicina é valiosa para mais do que apenas entretenimento.

Tem sido uma ajuda comprovada para a perda de peso, a luta contra o câncer e até a dor crônica.

Isso ocorre porque ela se liga a um receptor vanilóide conhecido como TRPV1, que é sinalizado pelo calor e também recebe sinais quando as células do corpo são fisicamente queimadas ou feridas.

Uma vez que a molécula de Capsaicina se liga ao receptor TRPV1, o cérebro é sinalizado que ocorreu um evento quente e, por sua vez, provoca uma leve reação inflamatória destinada a reparar as células afetadas.

É por esta reação que muitos dos benefícios da Capsaicina provavelmente ocorrem.

Alimentos ricos em Capsaicina

A Capsaicina é um composto que se liga aos receptores das fibras nervosas que transmitem a dor e, eventualmente, o calor, explicando os efeitos dela sobre os tecidos que revestem a boca.

Ela é presente em pimentas produzidas por certas plantas de pimenta (Capsicum frutescens), incluindo variedades chamadas caiena, pimentão-verde ou vermelho, espora ou tabasco, que contêm quantidades especialmente elevadas desse composto.

Essas variedades de pimentas contêm cerca de 198 mil ppm (partes por milhão) de Capsaicina.

Outros tipos de pimentas, geralmente chamadas de pimentas doces, porque não são quentes ou picantes, também contêm Capsaicina.

O conteúdo do produto químico é menor do que o contido nas pimentas, no entanto, são uma boa fonte desse composto, quando consumidas regularmente.

As pimentas doces são produzidas por uma planta da pimenta (Capsicum annum), que é diferente da que produz pimentas picantes.

Essas são geralmente chamadas de sino, cereja, cone, pimentão-verde ou páprica, dependendo do cultivo específico da planta que as produz.

Cada uma dessas pimentas contém 4.000 ppm de Capsaicina, cerca de 25% do que é encontrado entre os tipos mais quentes e mais picantes.

A raiz de gengibre (Zingiber officinale) também contém Capsaicina, mas apenas em quantidades vestigiais.

Benefícios da Capsaicina

Reduz a pressão arterial:

Uma série de estudos sugere que a Capsaicina pode ajudar a controlar a pressão arterial.

Em um dos mais recentes, publicados no periódico Cell Metabolism, pesquisadores observaram que o consumo de Capsaicina em longo prazo foi o responsável por uma redução na pressão de ratos geneticamente hipertensos.

Para os autores do estudo desenvolvido na China, a Capsaicina tem esse efeito porque é capaz de ativar determinados canais no interior das artérias.

Como resultado dessa ativação, há um aumento na produção de ácido nítrico, um gás que protege os vasos sanguíneos contra possíveis inflamações e danos oxidativos.

Além disso, o óxido nítrico também promove uma dilatação das artérias – efeito que melhora a circulação e influencia diretamente na pressão arterial.

Protege o coração:

Pesquisadores da Chinese University of Hong Kong descobriram que a Capsaicina reduz os níveis de colesterol no sangue.

Ao mesmo tempo, a substância bloqueia um gene que promove a contração das artérias (efeito que poderia causar um perigoso bloqueio para a passagem de sangue).

Outros estudos têm demonstrado que animais que são suplementados com Capsaicina apresentam uma redução nas taxas de colesterol e de triglicérides.

Como níveis alterados de colesterol LDL e triglicérides são dois dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, estes resultados indicam que a Capsaicina pode ser utilizada (em combinação com outras medidas) para prevenir complicações cardíacas.

Controle da Glicose:

Segundo um estudo publicado no prestigioso American Journal of Clinical Nutrition, ela pode ser bastante benéfica para portadores de diabetes.

Na pesquisa, cientistas observaram que refeições contendo pimenta promoviam uma redução na quantidade de insulina necessária para baixar os níveis de glicose.

Ou seja, a Capsaicina melhora o metabolismo da glicose, prevenindo quadros de hipo ou hiperglicemia.

Melhora o Humor:

O corpo reage à sensação de “queimação” gerada pela Capsaicina através da liberação de endorfina, um neurotransmissor que impede que os neurônios transmitam os sinais de dor.

Ao mesmo tempo, o cérebro também libera dopamina, outro neurotransmissor que, assim como a dopamina, exerce um efeito relaxante e está associado à sensação de bem estar.

Para muitos, aliás, essa seria uma das explicações possíveis para o hábito que muitas pessoas têm de consumir pimentas extremamente picantes (a recompensa pelo “sacrifício” seria uma melhora do astral).

Metabolismo:

Além de reduzir a vontade de comer, a Capsaicina também acelera o metabolismo.

De acordo com uma ampla revisão científica publicada em 2012 na revista Appetite, a substância pode aumentar o gasto energético do organismo em até 50 calorias.

Este resultado pode ser explicado pelas suas propriedades termogênicas.

O composto químico se liga aos receptores de calor na pele e aumenta a temperatura corporal. E o que isso significa?

Para quem está tentando emagrecer, um aumento do metabolismo se traduz numa maior mobilização das reservas de gordura.

Ou, de maneira resumida, a Capsaicina ajuda a queimar gordura pois eleva a temperatura do organismo.

Previne o Câncer:

Alguns dos efeitos da Capsaicina mais promissores parecem estar no combate ao câncer.

Quando expostos ao composto químico, tumores de próstata encolheram em até 80%.

Outras pesquisas demonstraram que esse composto é capaz de destruir células de câncer de pulmão e pâncreas.

A Capsaicina produz esse efeito porque induz a apoptose celular – ou a morte programada das células cancerígenas.

Gordura:

Mais um dos seus benefícios para a perda de peso: ela dificulta o acúmulo de gordura no corpo.

Em uma pesquisa publicada em 2010 no Journal of Proteome Research, animais de laboratório foram divididos em três grupos: dieta normal, dieta com alto teor de gordura e dieta com alto teor de gordura + Capsaicina.

Ao final do estudo (que teve a duração de dois meses), foi constatado que todos os animais engordaram.

Porém, o grupo que recebeu Capsaicina ganhou 8% menos peso que os demais animais.

Para os cientistas autores da pesquisa, esses valores são um resultado direto da ação da Capsaicina, que regula genes envolvidos no processo de acúmulo de gordura.

Portanto, ela não apenas queima as gorduras previamente estocadas no organismo, como também impede que novas reservas sejam formadas (sobretudo na região abdominal).

Excesso de Capsaicina

Apesar desses fatores positivos, o consumo em excesso de Capsaicina pode levar a alguns problemas de saúde.

Para quem é hipertenso ou possui problemas gástricos, como úlceras e problemas de refluxo gastroesofágico, seu consumo deve ser limitado, mas não proibido.

Os problemas gástricos são causados por conta da liberação de enzimas digestivas propiciada pela ingestão da pimenta.

Outro problema que poderia ser agravado pela ingestão excessiva de pimenta seriam as hemorroidas.

A doença se caracteriza por varizes na região do ânus, geradas por diversos motivos.

Como a Capsaicina causa uma vasodilatação em diversas partes do corpo. Além disso, seu consumo exagerado poderia agravar um caso preexistente de hemorroidas, mas nunca gerar um.

A mesma situação se aplicaria à hipertensão.

É importante frisar que apenas o consumo exagerado pode levar a problemas, por conta das propriedades que o fruto tem, não sendo necessário excluir a Capsaicina da dieta diária.

não há uma dose recomendável, mas “5 gramas/dia são aceitáveis.

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